segunda-feira, 24 de maio de 2010


O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
— Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara.

A moça olhou de lado e esperou.

— Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta
listada?

A moça se lembrava:
— A gente fica olhando...

A meninice brincou de novo nos olhos dela.

O rapaz prosseguiu com muita doçura:

— Antônia, você parece uma lagarta listada.

A moça arregalou os olhos, fez exclamações.

O rapaz concluiu:

— Antônia, você é engraçada! Você parece louca.

[BANDEIRA, Manuel. - Namorados
in
Estrela da vida inteira p. 142-143]


"A meninice brincou de novo nos olhos dela". Nos meus olhos anda brincando, festejando e ocupando seu espaço.
E é assim que a meninice salta aos meus olhos: como uma loucura, e eu, menina de tudo, sobrevoo essa imensidão sem (ainda) me preocupar em puxar a cordinha. A queda é livre, e eu a escolhi, sem medo de cair; sem medo de ser eu uma lagarta listada.


"- Fernanda, você é engraçada! Você parece louca".

6 comentários:

  1. Fer, minha lagarta listada, quanta liberdade, garota!

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  2. hahahaha ai fer... so vc mesmo!!!! vc anda lendo??? q absurdo eh esse?? hahaha

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  3. Hahah, fui o primeiro a ver esse post, eram 13h08...
    Você comentou que queria colocar algo de Manuel Bandeira e lendo agora acho que não poderia ter escolha melhor. Leio e releio esse poema e ainda consigo me surpreender com ele. Terno e divertido.

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  4. Se a gente reproduzisse um diálogo desses vc ia me chamar de louco, e eu te chamaria de incompreensível..


    hunf
    ;*

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  5. Eduardo,
    eu, na verdade, te acho louco por pensar assim da maneira que pensou, no literal e não no poético, como deve ser pensada a poesia.

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