Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
[Retrato - Cecília Meireles]
O correr da vida muda tudo. (ah, Rosa!) E eu mudei. Mudei de ares, mudei de olhares, mudei de pensares. Gradativamente mudo e trago nessa mudança uma bagagem de incertezas: "E se eu fosse o primeiro a voltar pra mudar o que eu fiz, quem então agora eu seria?".
A única certeza, Cecília, é a da mudança, mesmo assim triste, de olhos vazios e lábio amargo. A face? Que se faça, se desfaça e se disfrace - a imagem refletida no espelho é sempre a mesma, mas muda de sentido.
A única certeza, Cecília, é a da mudança, mesmo assim triste, de olhos vazios e lábio amargo. A face? Que se faça, se desfaça e se disfrace - a imagem refletida no espelho é sempre a mesma, mas muda de sentido.
sabe, às vezes eu leio coisas assim (propositalmente vagas)e me pergunto no que exatamente a pessoa estava pensando ao escrever...
ResponderExcluirvejo com simpatia o acúmulo de incertezas e o rosto que adquire novas marcas e contornos (ainda que triste).
i love this poem!!!!
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