Eu não tenho cabelos vermelhos e o meu vestido não é amarelo. Eu sou só uma menina invisível, deitada na grama invisível que a moça que não sabia desenhar, não desenhou. Aquele é o menino que eu não lhe falei. Ele sempre está preso num único instante; o instante em que o moço que sabia desenhar, o desenhou. O balão que subia as nuvens, com várias crianças chamando, teve de desviar o caminho, pois não fazia parte desse desenho. O avião que trazia uma faixa, com linda declaração de amor, teve de mudar a rota, pois neste céu azul é que não foi desenhado. O pombo-correio que veio voando de fora da imagem, bateu o bico na borda e caiu. Por isso, o menino está sempre só. Se as crianças do balão não conseguiram. Se o avião também não conseguiu. Se nem o pombo-correio teve sucesso, como é que eu, uma menina invisível, feita de palavras, poderia chegar até ele? Foi o que passei dias e dias pensando. Então, numa de minhas viagens, ouvi dizer que uma imagem valia mais do que mil palavras. Não tive dúvidas. Abri a oficina invisível, acendi as luzes transparentes e comecei a construir este imenso abraço de palavras. De mil e duas palavras. Para, um dia, entregar a ele.
[Rita Apoena, gaúcha, estudante de Letras na UFRGS e uma forte aposta para a chamada poesia contemporânea.]
Gostei bastante Fernanda, não conhecia.
ResponderExcluirObrigada.
Seu blog foi sugestão de um amigo.
Abs.
Alessandra
muito legal esse... não me canso de relê-lo. =]
ResponderExcluirAlessandra,
ResponderExcluirque bom que gostou de Rita Apoena! Ela anda me cativando muito! Mas me diz, quem é esse amigo que te sugeriu o blog? De qualquer forma, fico contente por 'abrir o guarda-chuva' aqui, viu?! Beijos!
Fernando,
ResponderExcluirmuito bom esse trechinho dela, né? Acho que eu já havia comentado dela pra você... procure mais sobre, vale bem a pena!
Beijos!
A-MEI!
ResponderExcluirEngraçado, eu fui lendo sem descer a página, mas no meio do texto já tinha quase certeza que era da Rita, rsrs. Ela é boa demais, né? =)
Beijos, Beee!