Já não queria a maternal adoração
que afinal nos exaure, e resplandece em pânico,
tampouco o sentimento de um achado precioso
como o de Catarina Kippenberg aos pés de Rilke.
E não queria o amor, sob disfarces tontos
da mesma ninfa desolada no seu ermo
e a constante procura de sede e não de linfa,
e não queria também a simples rosa do sexo,
abscôndita, sem nexo, nas hospedarias do vento,
como ainda não quero a amizade geométrica
de almas que se elegeram numa seara orgulhosa,
imbricamento, talvez? de carências melancólicas.
Aspiro antes à fiel indiferença
mas pausada bastante para sustentar a vida
e, na sua indiscriminação de crueldade e diamante,
capaz de sugerir o fim sem a injustiça dos prêmios.
Carlos Drummond de Andrade
Abri o Antologia Poética de Drummond e, aleatoriamente, vi esse poema. Caiu como uma luva pro dia de hoje e pra o que venho "aspirando", a partir de então. Drummond tem sempre esse quê com o amor de uma forma paradoxal: ama esse 'não amar' da maneira mais amorosa que eu conheço, pois não o deixa transparecer, ele o deixa surpreender.
Carlinhos, maravilhoso!
ResponderExcluirLindo seu blog, Fer, vou acompanhar, achei o máximo!
saudades meu fedo mais cheiroso!
beijooos
nossa fer como vc ta cultural, nerd.. hahahahaha eh vc msmo q ta postando??? hauahaahauha
ResponderExcluirpelo menos a gte ja descobre quam vai fazer os trabalhos infinitos de poesia neh??? hauahauahauh bricadeira flor
bijos